Eu procurei pela casa
toda. Revistei nos cantos menos prováveis do fora e vasculhei-me até as
vísceras. Haveria alguém o pego por engano ou poderia eu ter sido tão descuidado?
E se houvessem o roubado? Eu não o achei em lugar algum.
Foi um tempo duradouro
este para achar um lugar onde coubesse. Tempo ainda mais longo para planejar
alternativas para escondê-lo, para deixá-lo em local firme, mas não às vistas,
em um local onde pudesse fazer suas estripulias, mas que não chamasse tanto a
atenção. Por vezes escapamos por pouco. Mas agora eu não sei onde você está.
Poderia me dizer, por
favor, ou me dar ao menos alguma pista?
Eu juro que buscarei onde estiver e não serei tão displicente a ponto
de perder-te novamente. Eu sei que não deve ter ido muito longe. Todas as tuas
andanças sempre foram por aqui, muito perto, ao redor. Espera, talvez tenha
fugido. Não faz sentido, foram tempos tão bons! Mas eu realmente perdi, a gente
sempre perde, parte do que se passou com você. Fui eu quem fiz algo sem
perceber? Foi algo que eu falei ou deixei de?
Eu juro que se voltar,
mesmo que de fininho, e que se não quiser falar nada, apenas chegar, tudo
estará bem. Eu não vou perguntar por onde andou. Pouco importa para onde foi, será simples
o bem de te ver aqui novamente sob meus silenciosos e apreensivos olhos.
Aqui dentro, saiba,
tudo vai devagar. A mente se apressa em fazer os ponteiros adiantarem a vida,
mas nada muda, tudo está ainda em tempo de você voltar para o seu lugar.