quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Eu não era um colosso

Fosse falar de coisas bonitas,
ou tentar transparecer um ar polido,
o fazia muito bem,
embora julgasse mal.
Revelar-se quase sempre é descoberta,
para além da pura crença que se tem. 

Corre pelas vísceras e se externaliza poro a poro aquilo que por toda banda se espalha. Não há que se evitar, afinal, o que se consegue evitar? A propósito, as coisas primordiais nunca deixam de ser exprimidas, elas escapam por através dos panos, vista o que vestir, haverá sempre o nu ali, presumível, visível, exceto que por uma capa que evita a transparência. As obviedades, porquê as queremos a todo custo disfarçar?

Fosse eu um belo colosso, imponente no meio da sala de estar e estático, seria apenas uma demonstração fiel de algo, ou nem isso. Errar está nas vísceras. Por um não-engasgo eu estou vivo. Veja, eu não pude evitar nem sequer o fato de que eu esteja vivo. Permita-me errar. Sai pelos meus flancos as verdades. Diacho! Soubesse eu que assim era desde os tempos mais longínquos, bobagem. Nunca saberia. A descoberta surge como em revelação. Descobri mais observando acontecer do que prevendo.

E eu, que tão pouco posso saber, que da matricial busca-erro alcanço-me de tão pouco em pouco, o que poderia fazer? Fizeste um desenho de mim. Grandes proporções, fixo na imensidão. Eu não era um colosso, eu nem sequer tive a pretensão. Eu sou o corpo-poro-nu, o vão entre o querer e o alcance e todo o movimento gerado neste meio em direção ao fim. E eu erro, e como tenho errado. Ainda bem.