Mas a dor não me ameaça
Corriqueira como cheiro de pão quente
Fito
o mundo com bala alojada no peito
A
juventude me furtou a esperança
Cores
vibrantes deixam muitas sombras
Rodas
de samba e o capricho do garçom
Tudo
agora me diz respeito
As
luzes da cidade me apagam
Algo
de não vivo está dentro de mim
Um
cinzeiro na mesa do jantar
Goteiras
no salão de dança
Eu
tenho medo
Escorregadias
são as palavras
Esconderijos
disfarçados de razão
Já
não me admira a inteligência
Uma
suculenta a uma rosa
Uma fogueira e um vulcão
Cartas em papel rabiscado
Abrigo
de chuva que respinga
E
o medo se desfaz no sereno
Que
destino a gente perdeu
Procurando
na imensidão?
Um
motivo de festim
Trem
bom é um sussurro
Que
diz não sei
Uma
caixa de sapato
Com
algumas fotos amarelas
Uns
dizeres poucos
Riso
tímido de outono
Chinelo
perdido no quintal
O
amor é uma bala alojada no peito
Sem
meios de determinar o bem ou o mal
O
limite da invasão e da salvaguarda
E
o pão está cheirando
As
paredes azul pastel
Café na cafeteira esfria rápido
A
hora do horizonte nunca é tarde demais.